sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Teoria do homem perfeito

É bonito falar sobre o homem perfeito. Aquele cara compreensivo, carinhoso e muito romântico. O que sempre vai te dar flores, te dizer palavras bonitas e andar contigo de mãos dadas em um final de tarde ao pôr-do-sol. Aquele cara que seu pai vai aceitar e sua mãe vai adotar. Definitivamente, o cara certo. Sonho de toda mulher. Só sonho mesmo, porque, na verdade, o homem perfeito não deve nunca sair da teoria.

Tudo bem. Você é contra isso. O homem perfeito deve sim sair da teoria e pular pra sua realidade, já! Ótimo. Boa sorte! A gente se vê daqui a duas ou três semanas quando você enjoar completamente do cara. Romantismo demais cansa. O cara certo vai ser tão certo, que rapidinho ele se torna o cara mais errado do mundo. Não serve pra você e pronto. Num piscar de olhos você volta a focar naquele outro lá, erradão, mas que mexe contigo de um jeito que o perfeitinho nunca vai conseguir. A verdade é que toda mulher tem pelo menos um cafajeste que a atrai. Triste, mas não adianta negar.

O homem perfeito só é atraente e desejável enquanto você ainda está animada com essa idéia de filme romântico. Depois que você cansar disso e quiser trocar o filme pra uma aventura, só pra esquentar mais as coisas, você vai perceber que o cara é um pé no saco. Ele é bom demais pra arriscar o relacionamento de vocês com uma mudança. Mas não se preocupe, seu desejo ainda assim será realizado, ele não se importará em trocar as rosas vermelhas por brancas.

Acontece que o homem perfeito idealizado por tantas não tem graça nenhuma. Ele vai ter sempre os mesmos assuntos, as mesmas frases feitas. Totalmente previsível. Por isso ele fica bem melhor na imaginação de cada uma, no lugar feito especialmente pra ele. Por que na verdade, bom mesmo é se surpreender com o homem cheio de defeitos mas que acaba sendo perfeito pra você.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Para alguém que ficou pra trás


Eu te perdi de várias maneiras possíveis. Perdi o contato, perdi de alcance e perdi de vista. Primeiro me culpei muito por isso, por ser tão descuidada e te deixar por ai. Depois te culpei, você que era um imbecil e idiota que conseguiu se perder, mesmo eu estando sempre tão próxima. E tive raiva, meu Deus, muita raiva. Mas hoje eu lembrei de muita coisa entre a gente e não senti mais nada. Nada de raiva.  Só um pouquinho de remorso por não ter aproveitado mais, quero dizer, eu me preocupei muito com o longo caminho que tínhamos pela frente e tratei de ir devagar. Agora eu me pergunto: Que longo caminho?! Isso nunca existiu. No máximo uma caminhada até a esquina. Por que diabos eu fui devagar? Do que adiantou respeitar cada sinal, cada placa? Na-da.
Deveria ter corrido. A mil por hora. Atropelando tudo pela frente. Quem sabe não teria atropelado aquele sentimento estúpido que me colocou na sua mão por tanto tempo? Deveria ter corrido mais rápido que a velocidade do som, só pra não ouvir tudo que me disse. Ah, e foi tanta coisa... Quem sabe assim não teria sofrido tanto por tanto tempo. Não devia ter esperado sinal verde nenhum, devia ter avançado mesmo e você que se preocupasse em acompanhar meu ritmo. Ai sim, queria ver se ia conseguir.
Mas tem um restinho de mim que ainda sonha em parar ao teu lado em um sinal vermelho da vida, e que você decida abaixar o vidro e vir falar comigo, só pra dizer que quer dar uma desacelerada na rotina e adoraria fazer isso comigo. Aí, meu bem, eu vou ser mau, vou acelerar mesmo. Dane-se o sinal vermelho e você. Descobri que você é devagar demais pra mim.  E eu cansei de pisar no freio pra te acompanhar. Minha velocidade está muito além da sua e eu só queria te avisar que em estrada livre, quem anda a oitenta quilômetros por hora fica pra trás, estou a mais de duzentos e agora não reduzo por mais ninguém. Nem por você.


domingo, 9 de outubro de 2011

Carta a um anjo com nome de flor


   
Você dizia sempre que não vivia sem a gente, mas nunca soube se a gente viveria sem você. Olha, vou te dizer, ta sendo difícil. Tanta coisa que aconteceu e eu queria te contar, tanta coisa aconteceu e eu só queria te abraçar. Só mais uma vez. Queria tanto ouvir você dizendo que não gostava de carinho, não tinha nascido pra isso, mas no fundo eu sempre soube que você gostava sim. E me abraçava tão forte, como ninguém até hoje conseguiu. Queria tanto ver seu sorriso de novo. Sua felicidade era contagiante, pra você não existia tempo ruim. Lembro das festas em família, quando o pessoal ia acordando aos poucos e você fazia questão de tomar café com cada um que sentasse à mesa. Sempre rindo de tudo. Era impossível não gostar de você.    
Eu sinto tanto sua falta. Todo mundo sente. Qualquer um que você conseguiu tocar o coração lamentou sua perda. E eu só quero dizer que ta sendo difícil de suportar. Já faz três anos e eu ainda não me conformei. Por que foi embora assim? Tão rápido que nem deu tempo pra entender o que estava acontecendo. Tão lento que dói em mim ate hoje. Eu me lembro de cada segundo. Segundo que parecia uma eternidade. Tudo parecia mais devagar e você foi embora. Lembro dos minutos de felicidade que antecederam e o desespero que se seguiu. Estava se despedindo? Eu só queria falar como dói lembrar de tudo isso. Não existe palavra que descreva. É uma saudade que não cabe mais no peito e transborda pelos olhos. Quando você foi, levou contigo uma parte de mim. É por isso que nada mais fica completo. Sempre falta alguma coisa. Sempre falta você.
Apesar de tudo, adoro de verdade quando vem me visitar em sonhos, sempre me lembrando que a vida continua independente do que tenha acontecido. Três anos que você voltou ao seu lugar de anjo ao lado de Deus. Agora possui asas. E ainda é possível sentir sua presença todas as manhãs, como se você ainda fizesse questão de sentar-se a mesa com cada membro da família, para tomar seu velho café e contagiar a todos com sua alegria.
Saudades.

Do seu jardim aqui na terra, que ficou mais triste sem você, Margarida.


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Coisa de casal: Sexo



- Foi lindo.
- Foi só sexo.
- Não, fizemos amor!
- Ninguém faz amor. Fizemos sexo.
- Claro que não. Ah, vai dizer que você não percebeu a magia daquele ato.
- Quer saber uma coisa mágica que eu percebi?
- O que? Como foi uma noite inesquecível?
- Não. Você teve um orgasmo.
- Não seja grosso!
- Você não reclamou ontem a noite.
- Pare de menosprezar nossa noite juntos.
- Não to menosprezando, no geral, foi uma noite muito boa.
- O que você quer dizer com “no geral”? Foi uma noite única.
- Realmente, hoje faremos diferente. O que acha de mudarmos a posição?
- Não vou mudar coisa nenhuma!
- Meu amor, mudar é sempre bom.
- Então mude sua concepção: fizemos amor, não fizemos?
- Fizemos o que você quiser. Ou melhor, faremos. Eu. Você. Hoje à noite.
- Pode parar com a brincadeira e me levar a sério?
- Claro. Posso te levar pra cama também, se você quiser.
- Basta!
- O que foi? Não quer ir pra cama? O que acha do balcão da cozinha, então? Sofá? Chão? Todo lugar é lugar.
- Você não está considerando meus sentimentos.
- Que calúnia! Claro que estou. 
- Não está! Quer saber? Cansei. Vou arrumar minhas coisas e vou pra minha casa.
- Ótimo. Sua casa então. Ta combinado. Te encontro às 9.
- Idiota. Cara-de-pau. Não se atrase. 


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Você nem percebe



Levanta em um pulo por que perdeu o horário. Se arruma parecendo que vai tirar a mãe da forca. Engole o café todo de uma vez. Desce as escadas pulando todos os degraus. Corre pro ponto do ônibus, tarde demais, o ônibus acabou de passar. Passa mais vinte minutos impaciente esperando o próximo. Corre pra sala de aula e dorme. Pega uma fila gigantesca na cantina. Lá esta você batendo o pé impaciente, de novo. Volta pra sala e vai ouvir música. Hora de voltar pra casa. Pega outro ônibus lotado e vai xingando todas as gerações do motorista, como se ele tivesse alguma culpa. Chega em casa e mal tem paciência para o almoço. Sua mãe briga por que tem que mastigar direito. Você não ouve. Vai para o computador e fica lá o resto da tarde. Atividade do colégio? Não sabe o que é. Atividade física? Você é só mais um sedentário. O sono chega já tarde da noite. Você vai dormir e esquece de colocar o despertador.

Então você...

Levanta em um pulo por que perdeu o horário e nem percebe o bom dia da sua irmã mais nova. Se arruma parecendo que vai tirar a mãe da forca e nem dá um beijo na sua mãe. Engole o café todo de uma vez e nem percebe que seu pai comprou aquele pão-de-queijo que você tanto gosta. Desce as escadas pulando todos os degraus e nem percebe que mudaram os quadros das paredes. Corre pro ponto de ônibus e nem percebe como o dia amanheceu bonito. Passa mais vinte minutos impaciente olhando pro relógio e nem percebe que nesse tempo passou outro ônibus que também servia pra você. Corre pra sala de aula a troco de nada, você dorme e nem percebe que tem professor novo. Pega uma fila gigantesca e não percebe que nem com fome está, mas permanece lá, impaciente. Vota pra sala, vai ouvir musica e nem percebe que está cantando uma musica totalmente diferente da que esta tocando. Volta pra casa em pé no ônibus lotado. Xinga tanto o motorista e nem percebe que mudaram, não é mais o mesmo que te levava todos os dias. Chega em casa e nem percebe que sua mãe fez lasanha, seu prato favorito. E também não ouve quando ela manda você saborear mais a comida. Passa o resto da tarde dentro do quarto e não percebe que teus amigos te chamaram duas vezes lá fora, afinal o dia estava pedindo uma partidinha de futebol. A atividade do colégio era uma pesquisa boba no computador, mas você não percebeu. Atividade física você desconhece, nem futebol você joga mais. O sono chega e você vai dormir sem perceber que mais um dia passou despercebido por você.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A primeira vez



Não imaginei que aquilo fosse acontecer naquela noite. Muito menos daquele jeito. Foi algo inesperado e até meio sem sentido. De certa forma, gostei. Confesso que se tivesse me preparado seria bem melhor, mas esse tipo de coisa acontece com qualquer um, não é mesmo? Pelo menos é o que dizem por ai, todo mundo tem a sua primeira vez.
Foi o seguinte: me produzi toda esperando chegar em um coquetel, mas os planos mudaram e eu fui parar em uma boate num bairro movimentado da minha cidade. É isso, nos meus quinze aninhos de vida eu nunca tinha ido a uma. A experiência foi um tanto constrangedora, estava com meus pais e por mais descontraídos que os dois sejam, continuam sendo meus pais. No início me senti um peixe fora d’agua, e não deixava de ser. A pouca luz do lugar só contribuía para eu achar todo mundo muito igual: as mulheres com as mesmas saias curtíssimas de cintura alta e todos os homens com as mesmas camisas pólo. E lá estava eu, com minha calça jeans e jaqueta. A única coisa que me aproximava do pessoal era meu salto, que por sinal, doía muito no meu pé.
Assim que cheguei, achei tudo horrível, detestei. Estava desconfortável, queria ir para o coquetel, a música estava aguda demais e derrubaram bebida no meu cabelo, maldita hora que resolvi sair de casa. Passou uma hora e nesse tempo eu acabei achando o lugar até legalzinho, o sofá era bem macio e aconchegante e meu cabelo já estava quase seco, não foi de todo o mal. Depois começaram a tocar um forrozinho. Que boate mais eclética, vejam só. Ou será que todas são assim? Adoro forró. Adorei esse lugar. Mãe, meu aniversario ano que vem vai ser lá, ta? Um cara já tinha passado por mim milhares de vezes... Ou será que foi outro? Sei lá, mas ele era bonitinho. Porra, mãe e pai!
No fim da história ou no fim da noite, eu já estava cantando e dançando. Sozinha. E mesmo assim estava me divertindo. Sabe, no inicio não gostei, mas depois foi legal. Quero repetir a dose, afinal, dizem que a primeira vez nunca é isso tudo, nunca é cem por cento boa. Da segunda em diante a gente aproveita muito mais, fica mais descontraída, mais relaxada. Talvez seja bem melhor.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Deixa


Chega um pouco mais perto. Deixa eu sussurrar no seu ouvido que as noites sem você costumam ser mais frias. Deixa eu te contar meu dia mais estranho, minhas bobagens e minhas neuras. Deixa eu te contar que você ainda significa muito pra mim. Sabe, daquele jeito tão especial, deixa eu me encaixar no seu peito, envolvida pelo seu abraço. Vem cá, deixa eu te mostrar que o amor pode ser bom sim. Que a gente ainda pode ser muito feliz. Deixa eu te falar que o passado ta lá atrás, e ta na hora da gente viver nosso maior presente, o nosso futuro daqui a um segundo. Deixa eu mexer nos teus cabelos, eu gosto e sei que você gosta. Deixa eu te mostrar que vida a dois pode ser muito boa. Deixa eu me perder no teu olhar, deixa eu me encontrar na tua boca. Deixa eu e você sermos nós. Vem meu amor, que eu deixo.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Diferente dos contos de fadas




Já cansei de ouvir as histórias das princesas que levam uma vida sofrida, que se apaixonam por seus príncipes em um piscar de olhos, literalmente, e vivem uma vida perfeita com eles para todo o sempre. Já ouvi gente dizendo que queria uma vida assim. Sinceramente, eu não vejo a menor graça numa história desse tipo. Definitivamente, não quero um amor digno de conto de fadas. Não quero estar dormindo quando meu príncipe chegar. Não quero precisar comer uma maçã envenenada pra ele me achar. Não quero ser obrigada a sair correndo descalça quando encontrá-lo. Não quero que ele fique pendurado em mim e nem cego. Muito menos quero mudar quem eu sou para agradá-lo. Na verdade, eu não to nem um pouco afim de um príncipe em minha vida. Príncipes são chatos e eu não sou uma princesa, apesar do que os pedreiros e tarados dizem por ai.
Não quero ter um castelo, a menos que esse seja feito de travesseiros em uma cama bagunçada. Não quero um homem com cabelo impecável e completamente perfeito. Quero ele com o cabelo perfeitamente bagunçado. Quero um homem com defeito de gente, assim como eu tenho. E não são poucos. Quero um homem de carne e osso, não de papel. Não quero passar a história toda sozinha e só acha-lo no final. Quero que o acaso aja sobre nós e nos mostre a delícia que é se apaixonar aos pouquinhos. Aproveitar cada momento da nossa história vivendo cada segundo juntos. Quero as brigas, quero fazer as pazes, quero ligações de madrugada, quero ele me abraçando, quero as risadas e muitos, muitos beijos. Quero filmes num fim de tarde. Quero o frio lá fora e o calor aqui dentro. Quero eu e ele e um cobertor. Quero ter momentos e lembranças. Quero ter histórias para contar, fotos para mostrar e fases difíceis para superar. E quero sim ser feliz pra sempre, claro, só não quero que o fim esteja na próxima página. 


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tem sempre aquela amiga



Tem sempre aquela amiga divertida. Tem aquela amiga meio parada. Tem aquela meio chata. Aquela meio perturbada.  Tem aquela curiosa e a outra super medrosa. E tem também aquela outra que vive no mundo da lua. Tem sempre a imperativa e tem também a super desastrada. Tem a amiga fiel e a conselheira. Tem a santinha do pau-oco e a roqueira. Tem a mimada, a esperta e a antenada. Todo mundo sempre tem uma amiga meio desparafusada. Tem a outra que chora por tudo e a que ri por nada. Tem aquela que é um poço de calmaria e a outra que é pura histeria. Não pode faltar a amiga ciumenta e a barulhenta, claro. Tem também a amiga meio perua, que às vezes perde o senso e chama a atenção de todos na rua. Tem aquela que você passa horas no telefone e a outra que conta todos os meninos da sua vida, nome por nome. Tem a amiga vela e a mais velha. E tem também aquela amiga tagarela. Tem a amiga independente e a amiga carente. Aquela que já sofreu por amor e a outra que sempre guarda um pouco de rancor. Tem a amiga orgulhosa e a amiga generosa. Tem a que compra briga e a que sempre te irrita. Tem a namoradeira e a casamenteira, a famosa amiga cupido. Tem aquela que o abraço é sempre o melhor abrigo. Tem a cachaceira e a neurótica. Aquela meio preguiçosa e a corajosa.  A que dorme demais e a que sonha alto. Tem a amiga que acaba com qualquer um sem precisar descer do salto. Tem a amiga menina e tem a amiga mulher, aquela que ta ali para o que der e vier. E tem aquela que você nem precisa chamar, ela vai estar contigo assim que você precisar. Tem aquela amiga que é tudo isso misturado e vai estar sempre do seu lado. Mas tem sempre aquela amiga que você não pode viver sem, porque melhor que ela não tem. 

Feliz dia do amigo!


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Um homem, dois vícios...


A escuridão não me assustava mais. O cheiro de cigarro, já impregnado em tudo naquele quarto, me acalmava e me desligava de todo o resto quando percebi que tinha me tornado um ser viciado em solidão e que não via o menor problema nisso. Os rastros de felicidade deixados ali no canto, por pessoas que só estavam de visita, não me enchiam mais os olhos e eu facilmente os trocaria por um pouco de paz. Paz interior. Por que apesar de ter me tornado minha melhor companhia, já estava cansado de discutir comigo mesmo por motivos bestas. Uma voz dentro de mim dizia que viver sozinho é coisa de maluco. Pois então eu era maluco, retrucava, maluco por amar demais e mergulhar de cabeça no oceano de emoções que são os olhos de uma pessoa. Maluco por achar que existia um oceano ali e, meu Deus, era apenas uma piscina das mais rasas. Então a solidão, de fato, combinava muito comigo. De todas as maluquices, a melhor. Assim, mergulharia apenas no imenso silêncio da minha própria existência. Sem amor, sem dor e sem piscinas rasas. Traguei mais uma vez o cigarro e em seguida libertei uma névoa cinza de pura amargura, que dançou timidamente no ar enquanto eu fechava os olhos. Repetindo a mesma cena de todos os dias: uma cama bagunçada, um cigarro entre os dedos, um diálogo conturbado comigo mesmo e a solidão deitada do meu lado. Foi então que adormeci acompanhado dos meus dois únicos vícios e sem desejar ter mais nada nessa vida.


quarta-feira, 22 de junho de 2011

Central de atendimento


Alô, eu queria fazer uma reclamação. Sim, produto estragado, danificado, expirado ou como você quiser chamar. E agora, gostaria de reclamar dessa companhia de atendimento também. Já é a vigésima vez só essa semana (sim eu contei) que eu ligo pra cá e sou muito mal atendida. A ligação é horrível, o atendimento é péssimo e os funcionários são muito mal educados. Parecem não ouvir o que eu falo, me colocam pra ouvir a porra daquela música insuportável e, quando alguém finalmente me atende, a ligação cai. Mas pra não perder o foco, vamos voltar ao produto. Quero deixar bem claro que vou processar essa empresa por propaganda enganosa. Eu fui lesada e vocês vão pagar, se depender de mim, muito caro por isso. Lembro de ler no panfleto todas as vantagens daquela porcaria de amor, mas não me lembro de ver nenhuma quando o recebi. Muito pelo contrario, só vi coisa ruim naquele negócio. Vocês fizeram até os efeitos colaterais daquela droga parecer inofensivo. O sorriso bobo, o palpitar do coração, o nome cravado na mente... Parecia até bom. Mas vocês esqueceram de colocar lá: Leva a loucura. Ah! Esqueceram de dizer também que é contra indicado a pessoas extremamente sensíveis, como eu no caso. De qualquer forma, o estrago já está feito e gostaria de vos alertar a outros efeitos nada legais: carência, enjôos, falta de ar e taquicardia, sem contar com a insônia.
São por esses e outros motivos que eu exijo uma providência. Adoraria ter de volta o controle da situação, minhas noites perdidas e minha auto-suficiência. É difícil? Meu senhor, difícil é conviver com isso todos os dias. Me compreenda quando digo que esse troço realmente leva a loucura, pois não estou de brincadeira, comecei a ter alucinações, vejo o mesmo rosto em todos os cantos que vou. Não sei se foi azar meu ou todos os produtos são de péssima qualidade. Só sei que gostaria de devolver todas as caixas que solicitei. Não, eu não quero falar com o setor de devoluções. Não! A musica não! Droga! 




sexta-feira, 17 de junho de 2011

Droga de ano ímpar



Cheguei a conclusão que esse ano está passando rápido demais. Foi quando estava pensando em dezembro do ano passado. Todo mundo fazendo diversos e diversos planos, prometendo milhares de coisas, conhecendo algumas pessoas aqui ou reencontrando algumas pessoas ali em alguma dessas festinhas que rolam por ai no final do ano, todo mundo muito animado ou todo mundo muito deprimido. De forma geral, todo mundo contando com 2011, fosse para manter a energia ou quem sabe, receber uma gotinha de animo qualquer. Eu estava no meio de todo mundo. Por que eu fiz planos, fiz promessas, conheci e reencontrei gente, fiquei animada de andar por ai com um sorriso de orelha a orelha e deprimida de morrer na próxima esquina. Eu, assim como muita gente, esperei, com todas as minhas expectativas e toda ansiedade que Deus me deu, que 2011 chegasse logo e com ele viesse um bocado de realizações e, claro, só felicidades.
Apesar de 2010 ter sido um ano maravilhoso pra mim, eu acreditei que poderia melhorar. Claro, sou ser humano e nunca estou satisfeita com nada. Além do mais, tenho mania de perfeição, pra mim nada nunca está bom o suficiente. Isso fode com a minha vida. No entanto, apostei todas as minhas fichas no ano que estava pra nascer. Esperei que todos os problemas morressem assim que o relógio marcasse meia noite. Assim como esperei que tudo de bom se tornasse eterno na meia noite também. Esperei, criei expectativa e quebrei a cara.
Foi pensando em todos os meus planos, minhas promessas e nos desejos que fiz no último minuto do último dia do ano, que eu percebi que o tempo está correndo cada vez mais rápido. O tempo está realmente voando e a brisa que bate no meu rosto alerta: eu não fiz nem metade do que pretendia. Junho chegou com um ar desesperador me lembrando que minha vida não está nada boa. Assim como meu guarda-roupa, minha vida anda uma bagunça. Só eu consigo me achar lá dentro e ninguém ousa se aproximar com medo de sair um bicho dali. Junho chegou pra me lembrar que eu era feliz e não sabia. Meu Deus, como eu era feliz. E eu que pensava que 2011 seria o melhor ano pra se viver de verdade, aqui estou eu só existindo.  


terça-feira, 7 de junho de 2011

Isso aqui? Mais um texto de merda.



Não conversar mais contigo, te ver por ai com qualquer uma que não seja eu, não receber mais suas mensagens, não saber mais nada sobre você, não ser mais a primeira que você procura quando chega a algum lugar, não saber mais o que te faz feliz no momento, não poder te contar mais o que aconteceu de interessante comigo nem saber o que aconteceu de interessante contigo. Tudo isso é fichinha perto da dor que essa sua indiferença ta me causando. Saber que você não se importa, que nada disso te faz falta e que você está vivendo muito bem longe de mim, saber que você conseguiu me substituir tão rápido magoa muito e eu queria que você soubesse disso. Perceber que você conversa com todo mundo, distribui sorrisos por ai, espalha sua felicidade para todos e todos sabem mais de você que eu. E você simplesmente não se preocupa em saber que eu estou alheia a tudo isso, morrendo de vontade do contrário, morrendo de vontade de participar dessa tua alegria e estar lá, do teu lado, quando todos forem embora. Por que sim, eu ficaria do seu lado o tempo que fosse preciso, basta você dizer que quer. Machuca demais ver que pra você não mudou nada esse distanciamento e machuca mais ainda saber que foi você que decidiu assim. Odeio essa sua urgência em viver, que no primeiro problema, fez o favor de te arrastar pra longe de mim sem direito a segundas chances. Afinal, pra quê se prender a uma figurinha quando se tem um álbum todo para preencher?
Eu só queria que você soubesse que eu sinto sua falta todos os dias. Na verdade, eu queria mesmo era te dizer tudo isso olhando nos teus olhos, mas não dá. Então eu escrevo. Uma vontade absurda de jogar todos esses textos de merda na sua cara e dizer que é tudo sobre você. Tudo. Que essa minha indiferença toda é só uma farsa pra me proteger dessa sua, que é tão sincera. Esse meu sorriso que você vê? Esse só faz parte do pacote, é farsa também. Perto desse teu, tão verdadeiro, quando rir ao lado de uma qualquer. No fundo, eu toda me tornei uma farsa, fingindo pelos cantos que te superei. Tudo só pra não parecer tão idiota perto desse seu eu tão verdadeiro, que realmente seguiu em frente, sem nenhuma saudade do que ficou pra trás. 




sábado, 21 de maio de 2011

Pra você


Olha só, está fazendo o maior frio, por que você não vem pra cá ficar comigo? É o que eu queria te dizer quando te ligasse mais tarde. Eu sei que você esta ai, sem fazer nada, sozinho, esperando que alguma coisa mude seu final do dia. Deixa eu te contar uma coisa: eu também estou assim. E sinto te dizer, mas não vai acontecer mais nada hoje. A lua já brilha lá no céu e quem já não tinha alguma coisa marcada, dificilmente encontrará alguma coisa legal pra fazer agora. Então pensei assim: você está ai sem fazer nada, eu estou aqui na mesma situação... Por que não fazemos nada juntos? Poderia ser divertido, não é? Ficar sozinho é bom às vezes, mas esse frio ta pedindo uma companhia. E a única companhia que eu queria agora era a sua. E ai, pode ser ou ta difícil? Sabe, meus dedos estão quase congelando e eu adoraria que você viesse aqui para aquece-los entre os seus. Adoraria também se você resolvesse me aquecer toda com um abraço todo bom que só você tem. O telefone acabou de tocar e bem que podia ser você. Me diz, qual a distância entre você e o seu celular? Será que ela é tão grande que te impede de me ligar? Eu me contentaria se você decidisse aquecer só meus ouvidos conversando durante algumas horas comigo. Eu também poderia te ligar agora, né? Mas e você, ta ai esperando que eu te ligue mesmo? Ou está muito bem satisfeito sozinho? Eu não sei. Meu moletom não é suficiente, você entende isso? Sou eu querendo dizer que só você me bastaria. É pedir demais? 


sábado, 14 de maio de 2011

Minha mãe teria me avisado...


Já deveria ter percebido a muito tempo a minha tendência em gostar de coisas que me fazem mal (quer dizer, que minha mãe diz que fazem), mas não, só vim perceber isso agora. Minha mãe sempre me disse que fazia mal tomar água depois de comer um doce ou tomar banho frio se estivesse com o sangue ainda quente de ter feito um exercício. Disse também que fazia mal tomar mais de um remédio em um curto período de tempo e que ouvir música com o fone muito alto me deixaria surda um dia. Ela disse que comer bolo quente me faria passar mal e que se eu dormisse de cabelo molhado ou tomasse um sorvete de noite, eu acabaria pegando uma boa gripe. Assim como se revoltava comigo quando eu decidia não abrir o guarda-chuva com um maior pé d’agua caindo.
Mas eu sempre acabo fazendo tudo que ela diz que é ruim. Mesmo sem ela saber. Adoro tomar água depois de me entupir de tanto doce e adoro mais ainda tomar banho gelado. Amo de paixão ouvir musica alta e sempre invento uma dor pra acabar tomando um dorflex aqui e uma aspirina ali. Incrível como o sorvete parece mais gostoso quando já ta de noite (incrível mesmo é como tudo parece melhor à noite) e tomar banho de chuva é maravilhoso! A chuva é maravilhosa. E quando ela cai à noite então... De qualquer maneira, tudo que “me faz mal” acaba me atraindo. E é uma sensação maravilhosa na hora do ato, mesmo sabendo que posso me arrepender depois. Porque praga de mãe sempre pega.
E por gostar tanto do que me faz mal, eu acabei gostando de você. Sabe, foi bom no inicio, foi ótimo, maravilhoso, assim como é bom tomar banho de chuva. Juro que tive a sensação de que aquilo fosse eterno. Mas agora não é tão bom assim, acabou, e de eterno só sobraram as lembranças. Por que é como se eu estivesse doente. Pegasse um resfriado. Só que nem por isso eu deixei de te amar e nem de amar a chuva. E, apesar de minha mãe nem saber da sua existência, eu aposto que se ela soubesse, ela diria que não, me faria mal, era errado continuar gostando tanto assim. E é por isso que eu gosto de você, do banho gelado, de sorvete de noite e da chuva escondido pra minha mãe nem ninguém descobrir. E gosto mais ainda por que é errado gostar. É um segredo meu comigo mesma. Uma mania estúpida de gostar tão fácil de tudo que não me faz bem. 


quinta-feira, 12 de maio de 2011

I kissed you because i like you





sábado, 7 de maio de 2011

A arte de ser só mais uma música velha



Uma noite dessas que demorei muito pra dormir, fiquei pensando, enquanto fritava de um lado pro outro da cama, que talvez seja psicológico tudo isso que sinto por você. Talvez seja tudo coisa da minha cabeça que não tem mais nada pra fazer então resolveu se encher de você. O resultado disso é que tudo que eu penso é sobre você, falo esperando que você me ouça, escrevo esperando que você me leia e vivo esperando que você me veja. Comecei a pensar que tudo isso não é culpa do meu coração, uma vez que ele só segue ordens do meu cérebro, que ordena que te ame esperando que você me ame de volta. Esse problema todo que eu criei pra você não existe. Na verdade, talvez o meu problema seja a falta de problemas. Talvez se eu tivesse alguma coisa maior pra me preocupar, eu nem lembraria da sua existência. O que é triste pra você. Aí eu me pergunto, porque então é tão difícil ocupar minha mente com outras coisas? Por que tudo, absolutamente tudo me leva a você. O que é triste pra mim.
Sabe o que eu acho mesmo? Que eu só esteja esperando outro alguém aparecer pra eu conseguir te esquecer. Quando esse alguém aparecer você vai virar cinza. Vai se tornar só mais um. E eu não vou querer mais nada de você. Não vou querer que você me ouça, me veja, me leia, me espere e, muito menos, me ame. Você não vai significar mais nada, será como uma música velha sabe? Quando você a escuta novamente, depois de tempos, você acha legal. Você lembra de como era bom quando a escutava todos os dias e de como ela grudou na sua cabeça, lembra de como ela se tornou sua música favorita durante um bom tempo. Ai, logo depois, você lembra de quando acabou enjoando e parando de ouvi-la aos pouquinhos, de como ela se tornou chata até que você acabou a esquecendo. Tudo por que você descobriu uma música nova, que combina mais contigo, te traz uma sensação melhor etc. 
Então você vai se tornar só mais uma música velha perdida na minha lista e vez ou outra, quando o player no aleatório te escolher pra tocar, eu vou lembrar exatamente da letra, mas você não vai significar mais nada. Por que é assim, não importa quanto tempo você deixe de ouvir uma música, você sempre vai lembrar de pelo menos o refrão. É inevitável. A única diferença é que, dessa vez, você não vai colocar pra repetir quando ela acabar.


terça-feira, 3 de maio de 2011

A gente se encontra no meio do caminho


É sempre assim, eu luto durante dias querendo provar para mim mesma que se você seguiu em frente, não tem lógica eu ficar parada esperando você voltar. Fico me lembrando a cada segundo, logo depois de pensar em você, que eu tenho que te esquecer e que existem outros garotos por ai que valem realmente a pena se apaixonar. Logo você, que fez tanta questão de ser mais um, fez questão de deixar passar esse amor, por que mesmo eu ainda insisto tanto em gostar de ti? Já que é pra ser só mais um, no meio de tantos, ótimo. Que venha o próximo. É ruim pensar assim, mas é necessário. Então eu trato de guardar tudo o que eu sinto relacionado a você. Evito ouvir seu nome, evito te ver ou saber qualquer coisa sobre você. E assim eu vou seguindo, passo dias tentando finalmente te esquecer. E quer saber? Eu quase consigo. Quase. Toda vez que começo a pensar em sair novamente, conhecer pessoas novas e, quem sabe, até me apaixonar novamente, você aparece.
Basta um “oi” e pronto. Adeus pessoas novas e futura paixão. Fica pra próxima. Por que eu e minha mania de transformar coisas bestas em algo totalmente grandioso e bem distante do que realmente é, fazemos o favor de ressuscitar tudo que eu matei durante dias de luta. Incrível minha capacidade de criar esperanças com uma só palavra sua. E ai vai tudo pelo ralo, eu desisto de te esquecer e a esperança dentro de mim ganha forças. Imagino o que tem por trás daquilo que você diz, mesmo que você não diga nada e mesmo que não tenha nada subentendido. É a arte de se auto iludir com coisas mínimas que eu domino como ninguém.
 E contrariando todas as lógicas, você volta. Não importa o tamanho da tristeza que sua ida e ausência me proporcionem, você sempre volta pra me lembrar que eu ainda posso ser feliz mesmo com esse restinho de você que ainda sobrevive dentro de mim. O problema vem depois. Por que você nunca fica muito tempo e as minhas ilusões, que são sempre a longo prazo, nunca se concretizam. E você me deixa sozinha novamente, entro em abstinência e sofro, sofro como ninguém. Até que resolvo deixar tudo isso pra trás, seguir em frente, conhecer gente nova. E o que acontece? Eu sempre me esbarro com você voltando no meio do caminho.


sábado, 30 de abril de 2011

Um café e uma boa música, por favor.



Prepara uma boa xícara de café preto. Coloca uma lista de reprodução com as músicas que mais te confortam no momento para tocar. Abre um arquivo novo e tenta por uma ordem nessa confusão dentro da sua cabeça. Cada gole do café será uma idéia ou sentimento, melhor dizendo, já decifrado. As músicas vão servindo para organizar esses sentimentos. Amor, paixão, desilusão, sofrimento. Cada estrofe consegue expressar perfeitamente cada grãozinho disso que você ta sentindo. E você escreve, vai transformando em frases aquilo que não tem palavra que descreva. Mas você escreve. Pega um biscoito doce pra tirar esse amargo da boca e da alma. Um só não adianta, pega logo uns três. A cada estrofe nova e gole de café tomado é um novo sentimento que se liberta e você o analisa. Analisa e chega a conclusão de que não sabe nada sobre ele. Não sabe como ele apareceu, de onde veio, por que está contigo e nem aonde ele quer te levar. Mas sabe que ele contribui pra esse desconforto dentro de ti. E ai você derrama tudo em forma de palavras, como um bêbado que trata de vomitar todo o álcool que ingeriu. E surgi um alivio momentâneo. Até outra música começar e você recordar momentos que viveu e novos sentimentos se libertam.
No final, quando o café já esfriou e a lista de reprodução ta tocando a ultima música, você percebe que aquele arquivo novo não serve pra nada. Por que sentimentos não precisam ser decifrados, entendidos e muito menos organizados. Você só precisa sentir. Sentir com cada músculo e com toda a intensidade que você tem. Por que sentimentos assim fazem você se sentir vivo. 


sábado, 23 de abril de 2011

Aquela frescura chamada amor



Chega a ser engraçado a confusão que eu sinto por causa desse tal de amor. Quer saber? Ta pra nascer sentimento mais fresco. Não se decide nunca. Vai ou não vai, quer ou não quer, ama ou não ama. Muda de opinião como quem pisca o olho. Não dá certo isso não. Olha aqui seu Amor, escuta bem, ta na hora de você tomar um rumo certo ou então eu, eu... Droga! Eu não posso fazer nada. Por que além de fresco você tem mais autonomia que eu. Esqueci que você resolveu aparecer por aqui sem avisar e sem pedir licença. Você sabia que eu estava mantendo distância dessas suas manias idiotas. Mas não... Achou bonito meu medo de amar. Achou bonito meu pânico só por pensar em te sentir um dia. Achou legal a opinião que tinha de ti e resolveu aparecer só pra provar que cada vírgula que eu acreditava estava totalmente errada. 
Resolveu se acomodar no meu peito, dentro daquele negocio que eu chamo de coração e fazer o que bem entender dele. Nem aluguel você paga e ainda acha que pode dizer quem eu amo ou quem eu deixo de amar. É mesmo um sentimento muito folgado. E pra piorar minha situação, ainda resolve amar alguém que não ta nem ai pra mim. Eu só acho, Amor, que você ta muito amargo e que ta na hora de você arrumar suas coisas e ir embora. Ou então trate de escolher outra pessoa pra eu amar. Por que a ultima... Você tava drogado quando escolheu, não foi? Não é nada pessoal, Amor. É só que eu tava querendo um tempo sozinha. Na verdade, eu quero mesmo é o meu coração vago pra a Felicidade vim me fazer uma visita. Ela se recusou a aparecer por aqui enquanto você ainda estiver ocupando esse lugar e teimando em amar aquela pessoa. Eu sei que vocês geralmente fazem uma bela dupla, mas ela disse que você errou mais uma vez. Pisou na bola feio em não avisa-la que tava de mudança para o meu coração e resolveu tomar todas as decisões sozinho. Então amor, eu só quero te avisar que entre as suas frescuras e as frescuras da Felicidade, eu escolho a segunda. Talvez, quando você fizer as pazes com a Felicidade, aí a gente conversa melhor e se entenda. Mas agora não. Cansei de você, Amor. 


sexta-feira, 22 de abril de 2011

É tudo culpa dessa carência


Ei menina, pare de ser boba. Você e essa sua mania de aumentar as coisas. Desde quando um “oi” tem que ser acompanhado de um “senti sua falta”? Não, não é assim que as coisas funcionam. Por que está me olhando e sorrindo desse jeito? Ta vendo? Basta um simples e mínimo vestígio de atenção pra você se tornar pura euforia. Calma, abaixa um pouco a bola. Isso ainda pode acabar contigo. É sempre assim, você fecha os olhos e abre os braços disposta a abraçar o mundo e como recompensa você recebe uma porra de uma facada nas costas. Calma, não chora. É tudo culpa dessa carência que você tem dentro de si. Essa carência de um carinho, de um abraço apertado, de palavras ao pé do ouvido, de um olhar sincero e de um sorriso leve e verdadeiro. Essa carência infinita de coisas simples mas tão distantes. Calma, não precisa me abraçar assim não. Eu bem sei que tudo isso faz falta, mas é só pra você parar de ser boba. Por que nem tudo é o que parece, menina.


quinta-feira, 21 de abril de 2011

I got a problem...


        Descobri, por conta própria mesmo, que tenho sérios problemas em lidar com pessoas. Pessoas em geral, crianças, adolescentes como eu e adultos. Na verdade acho que esse meu problema está diretamente ligado ao meu problema em conversas. Tenho sempre preguiça de falar e nunca sei como começar um bom e duradouro diálogo com alguém. Às vezes nem precisa ser duradouro ou bom, mas mesmo assim eu não consigo. Então eu prefiro ficar calada. E ai tudo já começa bem errado. As pessoas passam a ter uma imagem errada de mim, me acham metida, grossa e muitas outras coisas que eu ainda não sei por que nunca me falaram. Não que eu me importe com isso, eu até gosto às vezes. Por que quando um milagre acontece e essas pessoas passam a me conhecer melhor, elas percebem que não sou nada disso. Ai ou elas vão embora de uma vez, ou elas, de alguma maneira, gostam do meu jeito estranho e complicado e ficam do meu lado. Por que, aqui pra nós, eu sou muito chata. Quem bem me conhece sabe que na maioria das vezes eu sou insuportável e só gostando muito de mim pra me aguentar. Acontece que eu tenho medo que esse problema acabe me prejudicando de alguma forma que ainda não descobri qual é. Falar é algo fundamental ao ser humano. Ok, eu não gosto de falar. Não gosto de fazer aquilo que mais facilita a socialização do individuo. E agora? Vou morrer sozinha? Menos drama, Manu. Mas, de verdade, falando sério, será que é errado preferir o silêncio?  


terça-feira, 19 de abril de 2011

Deixa subentendido

Oi amor!

(Tava online esse tempo todo? Por que não veio falar comigo? Tava ocupado? Senti sua falta. Tenho sentido todos os dias. Você sente a minha? Não tem mais vontade de conversar comigo? Eu sei, na maioria das vezes, você que tinha que puxar assunto. Eu nunca fui boa com isso e você sempre soube. Então amor, por que não me chamou? Eu também fiquei online o dia todo. Nem um “oi”. Não se preocupa em saber mais como eu estou? O que aconteceu? Eu ainda me preocupo com você, ta? Mesmo você não querendo. Você não me procura a algum tempo. Isso me machuca demais, sabia? Como esqueceu de mim tão rápido? Eu não sou mais a primeira pessoa que você procura quando fica online, não é? Triste saber disso. Quem você procura agora? É aquela tal menina? Você ta conversando com ela agora? Ela também tem problema com assunto assim como eu? E se tem, você puxa algum só pra conversa não acabar? Como você costumava fazer. Você conta suas besteiras pra ela? E ela ri de todas? Por que eu ria. Eu sempre ria de tudo. A conversa de vocês é tão interessante quanto a nossa? E dura tanto tempo como a nossa durava?  Como você conseguiu gostar de outra tão rápido? Ela fica online o dia todo conversando só contigo? Você conta seus segredos pra ela? Ela te entende tão bem? Responde-me com sinceridade agora, eu fui especial pra você? Sei lá, às vezes, você ainda pensa e mim? E talvez se pergunte o que eu estou fazendo? Então amor, se só restou mesmo amizade, por que não conversa comigo como amigos? Só amigos mesmo. Por que nem como amigo você fala comigo. Você tem medo que eu vá te agarrar? Pois tenha mesmo, por que eu posso fazer isso. Ou você tem medo de que eu não te largue nunca mais? Por que eu posso fazer isso também, se você quiser. O que acha de sairmos um dia pra conversar? Como amigos. Sim, só amigos. Que tal, sábado? Vai ta ocupado? Ah, vai sair com ela. Ela é prioridade agora, não é? Eu já fui sua prioridade? O que acha de domingo então? Vai pensar? Pensa direitinho, ta? Eu juro não te agarrar pra sempre. A não ser que você queira. Mas você não vai querer por causa dela, não é? Tudo bem. Já pensou? Domingo não vai dar? Vai ta ocupado? Poxa. Quando então? Parece que você ta me evitando. Será que se a gente passar horas conversando como antes, você se apaixona por mim de novo? Seria legal. Mas isso não vai acontecer, ok? Calma. Vamos conversar só como amigos. Pode dizer a ela que não é pra se preocupar. Por quê? Não, claro que eu ainda te amo. É só que sua paixão é tão passageira que eu não quero que ela passe por mim novamente. Por que não? Por que eu to tentando ser forte agora. Já disse que tenho vontade de te agarrar, mas não vou. Isso é de uma força imensa, já percebeu? Por que quero sair contigo então? Por que eu quero provar pra mim mesma, e não sei pra quem, que consigo ficar do teu lado e mesmo assim conversar e sorrir normalmente, mesmo isso me matando por dentro. Sim. Eu ainda te amo. Muito. Mas vou parar com isso. Eu juro.)

Tudo bem contigo?


Botão verde


Passo pela minha lista de contatos no celular como quem não quer nada. Como quem só quer achar o seu nome. Eu acho. Lá no finalzinho. Aquele nome que antes estava como favoritos, pois era rotina te ligar sempre. Olho para o seu número, quero apertar logo aquele botão verde e ouvir tua voz de uma vez para, quem sabe, acalmar minha saudade. Uma vontade insuportável de conversar contigo. Como fazíamos nos velhos tempos. Passar longos minutos no telefone falando sobre nada e sobre tudo. Assunto nunca foi o meu forte e você sabia disso, porque sempre inventava alguma coisa e a conversa sempre rendia. Você me fazia sorrir. Era como se meu dia finalmente estivesse completo. E eu ia dormir feliz.
Mas agora parece que falta algo. Já não conversamos, malmente trocamos uma ou duas palavras.  Como me esqueceu tão rápido? Como esqueceu o numero do meu telefone de uma hora pra outra? Você também não me liga mais. Não tem essa necessidade de falar comigo, isso não te faz falta. É como se nada tivesse acontecido. Como se antes não fizesse nenhuma diferença e você conversava comigo apenas para ter alguma coisa pra fazer antes de ir dormir. Você ia dormir feliz assim como eu?

Então olho novamente para o seu número. A maldita vontade de apertar o botão verde continua lá, firme e forte. Cada vez mais forte. Vai, espera só ele dizer alô. Isso já é o bastante. Depois você desliga. Aperta esse botão logo, diz pra ele que só ligou para ouvir a voz dele e que ta com saudade. Diz que só ligou pra saber se ele ta bem. Mas ele pode estar pensando em qualquer outra garota. Ele não pensa mais em mim. Vai faltar assunto e ele não vai se importar. Ele já não se importa mais. Vou ser obrigada a desligar. E vai doer. Doer muito, por que mais uma vez a realidade vem pra esfregar na minha cara que eu o perdi.
O que eu faço agora? Agora é a hora que, com muita relutância, eu aperto o botão vermelho. O botão verde ainda é tão tentador. Fico com o coração apertado por não ouvi tua voz. E com a maldita vontade de você que não passa. Ela nunca passa. E também com um vestígio de lágrimas nos olhos por acabar com todas as minhas expectativas de, quem sabe, ir dormir feliz essa noite. 


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Caia na real!




Chora, garota. Chora por esse amor não correspondido. Transforma em lágrimas toda essa sua dor e chora. Mas chora bastante. Deixa secar esse sofrimento. Vai, eu te entendo, pode chorar. Chora por esse canalha que ousou desistir de você. Ele não merece uma lágrima sua, mas chore. Chore por piedade, tenha pena desse coitado que não sabe o que perdeu. E enquanto chora, trate de colocar o seu pensamento a seu favor. Não pense no que perdeu quando ele, tão idiota, decidiu ir embora. Pense no que ganhou, por que você ganhou sua liberdade. Agora você pode mostrar a todos o quão mulher você é e que não precisa de um homem do seu lado pra provar isso. Use sua melhor maquiagem: seu sorriso. Por que ele é lindo e não deve ser apagado pelas suas lágrimas. Se olhe no espelho e veja a única pessoa que é capaz de te fazer feliz. Caia na real e deixe o seu amor próprio florescer novamente. Você é tão linda, garota. Apaixone-se por você. 


domingo, 17 de abril de 2011

Declaro culpado

Sabe, eu não quero te culpar. Você me avisou que nós dois tínhamos chegado ao fim. Era pra eu seguir minha vida, porque você seguiu a sua. Você me avisou que “nós dois” tínhamos deixado de ser “nós” a muito tempo. Você me avisou que não sentia mais nada por mim. Achei digno de sua parte quando disse que não queria me iludir e então largou todas as verdades que me arrebentou o coração. De verdade, achei bem digno. Eu vou sofrer agora, mas depois vai passar, pior se você mentisse para mim. Eu não quero te culpar por você ter posto para fora aquilo que estava sentindo (ou que não sentia mais), só por que isso tem acabado com meus dias. Só por que isso tem fodido com minha vida nas últimas semanas. Eu não quero te culpar por que, no fundo, eu te entendo.
Mas acontece que meu coração ainda dispara quando você aparece lá no final do corredor do colégio ou no ponto de ônibus na hora da saída. Acontece que meus olhos ainda ardem quando uma amiga me conta que te viu com outra por ai. Minhas mãos ainda suam quando fico perto de você e meu coração aperta cada vez mais forte quando você vai embora. Minha mente ainda procura por cada vestígio de conversa que tivemos só para tirar meu sono quando deito na cama de noite.
Acontece que eu ainda não consegui te esquecer. E isso ta me machucando.

Então eu preciso culpar alguém por essa dor. E, mais uma vez, você é a primeira pessoa que eu penso. Então eu te culpo. Culpo-te por fazer meu coração disparar mesmo a metros de distância. Culpo por você ficar por ai com outra garota enquanto eu estou aqui pronta pra dividir esse amor com você. Aposto que ela não gosta nem metade de você como eu gosto. Culpo-te ainda por se aproximar de mim, causar uma confusão de sentimentos dentro da minha cabeça e coração e depois simplesmente ir embora. E sua sentença aumenta por conseguir roubar minhas noites de sono.
Eu sei, eu sei... você não tem noção de que tudo isso anda acontecendo. Mas acontece. E eu não posso fazer nada além de te culpar. Por que você é o único motivo disso tudo acontecer, mesmo contra sua vontade, por que você me avisou que não queria mais nada comigo. Então mais uma vez eu te culpo só por te culpar. Por que eu quero te ter na minha vida de alguma maneira. Nem que seja como o culpado de tudo isso. Então eu te declaro culpado só pra não te deixar escapar.


E se...


E se eu não demorasse tanto pra compreender que gosto mesmo de você? E se eu não visse tanta dificuldade onde tudo era estupidamente fácil? E se eu abrisse meu coração pra você de primeira? E se eu não tivesse pensado tanto? E se eu não fosse tão difícil? E se eu fosse mais romântica? E se você estivesse mentindo pra mim? E se você estivesse mesmo falando a verdade? E se eu dissesse o que estava sentindo no momento em que estava sentindo? E se você risse de mim? E se você me abraçasse mais? E se você tivesse vergonha de mim? E se você mudasse? E se eu mudasse? E se você não tivesse desistido de mim? E se a gente nem mesmo tivesse se conhecido?


Vontade


Que vontade de gritar. De sumir. De dar um tempo nas coisas, em tudo e em todos. Vontade de sumir pra um lugar onde não exista ninguém, só pra ver se eu consigo ficar sozinha comigo mesma. Só pra ver se todos os problemas desaparecem. Que vontade de desaparecer e não voltar nunca mais. De só voltar quando tudo voltar ao normal, quando eu estiver livre de qualquer vestígio de amor que ainda possa correr em minhas veias. Que vontade absurda de gritar aos quatro cantos que eu to sofrendo. Mas parece que mesmo que eu grite o mais alto possível, ninguém vai se importar. Ninguém vai chegar e me dar um abraço. Maldita vontade de me desligar. Como um brinquedo, que quando você cansa dele, você o deixa jogado por ai. Eu cansei de mim, quero me deixar jogada em um canto qualquer. Eu cansei de tudo.
 Que vontade de gritar sem culpa, sem medo. Gritar bem alto o quanto eu to esgotada, o quanto eu não agüento mais pensar você. Vontade de gritar no seu ouvido que você é o motivo disso tudo. Gritar tão alto que pra você conseguir me calar terá que me dar um beijo. Vontade imensa de ter você. Mesmo assim ainda quero sumir. Quero sumir por que eu não vou te ter nunca mais. Você é dela agora. Que vontade de te dizer que na verdade você é meu. Por que eu ainda te considero assim. Você não é dela porra nenhuma, você é meu e ponto final. Vontade de compreender que acabou. Vontade de seguir em frente. Vontade de ter de volta o passado. Vontade de parar no tempo. É tanta vontade que nem cabe mais dentro de mim. É tanta vontade que nem eu entendo mais.