sexta-feira, 4 de maio de 2012

Meu pior lado


Eu te peço: não volte. Não me obrigue a te mostrar o meu pior lado. Esse, você nunca soube que existia. Fiz o possível pra você ter sempre o melhor. Meu melhor. Te aconselho: não queira conhecer meu pior lado. Ele é brinca pesado. E você, querido, não aguentaria.

Ele é sujo, não mede as palavras e não vai parar até extrair o último resquício da sua autoestima. Ele não tem medo de magoar. E, se magoa, é da pior forma possível. Meu pior lado tem todas as armas apontadas pra você e só espera que você retorne. Então, querido, eu te peço, não volte.

Não ache que estou brincando ou exagerando e nem pague pra ver. Você não tem ideia de como é difícil segurar as correntes pra te manter à salvo. Mas se você voltar, será por sua conta e risco. Encontrará dentes prontos para te atacar. Meu pior lado é selvagem e não vai te poupar. Então, por favor, permaneça onde está.

Se ainda assim tiver coragem de voltar, lembre-se que fiz de tudo para que levasse contigo o melhor de mim, tudo aquilo que te ofereci sem pedir nada em troca. Por que quando você se aproximar, nada disso restará.  Meu querido, você despertou meu pior lado e agora ele só espera você voltar.


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Dramas de joelhos e corações machucados



Lembra quando você era pequeno e entre uma brincadeira e outra, caía e se machucava? Voltava pra casa com o joelho ralado e chorando. Doía pra caramba! E só de vê o sangue doía mais ainda. Então você ia correndo mostrar pra sua mãe – ou qualquer pessoa –  que você tinha se machucado, estava doendo e ela tinha o remédio pra curar.

O remédio ardia muito. Ardia horrores. Mas tudo ficava bem com o beijo que davam depois. Um beijinho sagrado. Você parava de chorar, ainda doía, mas te disseram que ia passar. E passava. Tempinho depois você voltava a brincar como se nada tivesse acontecido e o drama de ter caído se resumia aos arranhões do joelho. E o esquema era sempre esse: cair, mostrar sua dor pra alguém, medicar. E não podia esquecer do beijinho, pra curar com louvor!

O tempo passa, você cresce e a história continua: Por uma brincadeira, você se machuca. Só que dessa vez não estou falando de joelhos arranhados. Estou falando de quebrar a cara. Alguém te colocar lá em cima e depois te soltar, ai você cai feio no chão. Dói pra caramba! E não sangra. Coração machucado ninguém vê. E chorar na frente de outra pessoa é drama demais.

Você até tenta mostrar sua dor pra alguém. Mas eles não se importam mais, você não é nenhuma criança. Vai se divertir que passa. Vai procurar o tal beijo sagrado em outras bocas, uma hora vai funcionar! Então você volta pra rua como se nada tivesse acontecido. Até que a dor de ter machucado o coração se resuma apenas em algumas poesias baratas arranhadas em um papel qualquer. Dói não sentir mais nada, mas vai chegar uma hora que nem isso você vai mais sentir. Por que, uma coisa é certa, elas disseram que ia passar. E olha só, passa. 


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Coisa de casal: Utopia



- Onde você esteve esse tempo todo? É uma hora de lá até aqui, você demorou duas horas.
- Engarrafamento querido, a cidade esta um inferno.
- Sei... E por que você não atendeu o celular?
- Estava desligado.
- Desligado por que?
- Ele descarregou...
- Ou você desligou por que estava ocupada com outro?
- Não, meu amor, estava em um engarrafamento.
- Engarrafamento. É assim que chamam agora?
- É assim que chamam vários carros parados no trânsito.
- Parados por que? Hein?!
- Eu não sei, meu bem.
- Você pode fazer muitas coisas enquanto esta parada no trânsito.
- Tipo o que?
- Me trair.
- Você esta maluco, eu jamais faria isso.
- No trânsito não, mas quem sabe em um motel?
- Deixe de ser desconfiado… Estou estressada, o que acha de me relaxar?
- Não, pode ir virando para o outro lado.
- Só uma vez?
- Não. E pode ir vestindo essa blusa. Eu estou chateado e nada de sexo por hoje.
- Mas querido…
- Nem adianta insistir, estou com muita dor de cabeça. Boa noite.
- Querido, pare de fingir que esta dormindo. Eu só estava em um engarrafamento...
- Já disse, boa noite!


Apresento a vocês um homem utópico.