quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tem sempre aquela amiga



Tem sempre aquela amiga divertida. Tem aquela amiga meio parada. Tem aquela meio chata. Aquela meio perturbada.  Tem aquela curiosa e a outra super medrosa. E tem também aquela outra que vive no mundo da lua. Tem sempre a imperativa e tem também a super desastrada. Tem a amiga fiel e a conselheira. Tem a santinha do pau-oco e a roqueira. Tem a mimada, a esperta e a antenada. Todo mundo sempre tem uma amiga meio desparafusada. Tem a outra que chora por tudo e a que ri por nada. Tem aquela que é um poço de calmaria e a outra que é pura histeria. Não pode faltar a amiga ciumenta e a barulhenta, claro. Tem também a amiga meio perua, que às vezes perde o senso e chama a atenção de todos na rua. Tem aquela que você passa horas no telefone e a outra que conta todos os meninos da sua vida, nome por nome. Tem a amiga vela e a mais velha. E tem também aquela amiga tagarela. Tem a amiga independente e a amiga carente. Aquela que já sofreu por amor e a outra que sempre guarda um pouco de rancor. Tem a amiga orgulhosa e a amiga generosa. Tem a que compra briga e a que sempre te irrita. Tem a namoradeira e a casamenteira, a famosa amiga cupido. Tem aquela que o abraço é sempre o melhor abrigo. Tem a cachaceira e a neurótica. Aquela meio preguiçosa e a corajosa.  A que dorme demais e a que sonha alto. Tem a amiga que acaba com qualquer um sem precisar descer do salto. Tem a amiga menina e tem a amiga mulher, aquela que ta ali para o que der e vier. E tem aquela que você nem precisa chamar, ela vai estar contigo assim que você precisar. Tem aquela amiga que é tudo isso misturado e vai estar sempre do seu lado. Mas tem sempre aquela amiga que você não pode viver sem, porque melhor que ela não tem. 

Feliz dia do amigo!


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Um homem, dois vícios...


A escuridão não me assustava mais. O cheiro de cigarro, já impregnado em tudo naquele quarto, me acalmava e me desligava de todo o resto quando percebi que tinha me tornado um ser viciado em solidão e que não via o menor problema nisso. Os rastros de felicidade deixados ali no canto, por pessoas que só estavam de visita, não me enchiam mais os olhos e eu facilmente os trocaria por um pouco de paz. Paz interior. Por que apesar de ter me tornado minha melhor companhia, já estava cansado de discutir comigo mesmo por motivos bestas. Uma voz dentro de mim dizia que viver sozinho é coisa de maluco. Pois então eu era maluco, retrucava, maluco por amar demais e mergulhar de cabeça no oceano de emoções que são os olhos de uma pessoa. Maluco por achar que existia um oceano ali e, meu Deus, era apenas uma piscina das mais rasas. Então a solidão, de fato, combinava muito comigo. De todas as maluquices, a melhor. Assim, mergulharia apenas no imenso silêncio da minha própria existência. Sem amor, sem dor e sem piscinas rasas. Traguei mais uma vez o cigarro e em seguida libertei uma névoa cinza de pura amargura, que dançou timidamente no ar enquanto eu fechava os olhos. Repetindo a mesma cena de todos os dias: uma cama bagunçada, um cigarro entre os dedos, um diálogo conturbado comigo mesmo e a solidão deitada do meu lado. Foi então que adormeci acompanhado dos meus dois únicos vícios e sem desejar ter mais nada nessa vida.